Polícia prende membros de quadrilha que invadia casas para roubar criptomoedas

O Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) informou na terça-feira (25) a prisão de Remy St Felix (24), líder de uma quadrilha que invadia casas para roubar criptomoedas.

Junho 29, 2024 - 09:53
Junho 29, 2024 - 09:58
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Polícia prende membros de quadrilha que invadia casas para roubar criptomoedas

O Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) informou na terça-feira (25) a prisão de Remy St Felix (24), líder de uma quadrilha que invadia casas para roubar criptomoedas. Segundo os documentos, os roubos eram marcados por violência extrema, incluindo ameaças de mutilação.

Os alvos eram escolhidos com antecedência. O primeiro passo da quadrilha era hackear contas de e-mails para descobrir quanto poderiam lucrar com cada roubo. Após isso, eles saiam do mundo virtual para o real, monitorando as vítimas.

Os crimes aconteceram entre setembro de 2022 e julho de 2023 em diversos estados dos EUA, incluindo Carolina do Norte, Flórida, Texas e Nova York. Em um único roubo, a gangue conseguiu roubar mais de US$ 3 milhões de uma única vítima.

“Eu e ele estamos hackeando e-mails de pessoas e vendo seus investimentos em criptomoedas”, escreveu um dos criminosos para outro, detalhando os portfólios de seus alvos.

“Há 600 mil [dólares] no Tennessee, 1,2 milhão no Texas, algo como 600 mil na Carolina do Norte, não sei qual é [o Estado] mais próximo”, continuou. “Então há 100 mil em West Palm Beach, mas isso é pouco, não vou mentir. 300 mil em Atlanta, 135 mil em Nevada, 330 mil em Connecticut. Na real, há dois roubos na Carolina do Norte de 600 e 120 mil.”

Criminosos trocavam mensagens através de mensageiros para determinar quais seriam os próximos alvos. Fonte: DoJ/Wired.
Criminosos trocavam mensagens através de mensageiros para determinar quais seriam os próximos alvos. Fonte: DoJ/Wired.

Criminosos diziam que investidores de criptomoedas tinham fortunas e isso chamaria atenção

Em outra captura de tela compartilhada em um dos processos, os EUA mostram que os criminosos tinham ciência de que chamariam a atenção das autoridades. Isso porque as vítimas eram pessoas muito ricas.

“A parada é que investidores de criptomoedas têm muito, muito dinheiro, são golpes para se aposentar. Esses com certeza vão envolver o FBI.”

Captura de tela mostra outra conversa entre os criminosos, destacando o tamanho dos roubos que estavam prestes a cometer. Fonte: DoJ/CourtListener.
Captura de tela mostra outra conversa entre os criminosos, destacando o tamanho dos roubos que estavam prestes a cometer. Fonte: DoJ/CourtListener.

Crimes eram violentos

O modus operandi dos criminosos era marcado por ameaças e violência. Como exemplo, documentos citam que as vítimas eram amarradas e então ameaçadas até que liberassem o acesso às suas criptomoedas. Após isso, seus pertences, principalmente eletrônicos, eram destruídos.

“[Remy] St Felix ameaçou cortar os dedos dos pés e os genitais do marido, atirar nele e estuprar sua esposa se eles não dessem aos invasores acesso à sua conta na Coinbase.”

Em outro roubo, eles planejavam usar os filhos do investidor para ganhar vantagem nessa disputa pelos ativos.

Grupo não era muito inteligente

De qualquer forma, a gangue não era nenhum pouco inteligente e deixou várias pistas que levaram as autoridades até eles. O primeiro exemplo foram as redes sociais, onde um dos carros usados nesses golpes foi identificado após um dos criminosos ostentar fotos com o veículo.

“Um story salvo na conta, mais ou menos na data da invasão à casa, mostra Castro dirigindo uma BMW X5, consistente com a cor da BMW usada na invasão da casa.”

Criminosos ostentavam nas redes sociais, mas isso foi usado contra eles posteriormente. Fonte: DoJ/CourtListener.
Criminosos ostentavam nas redes sociais, mas isso foi usado contra eles posteriormente. Fonte: DoJ/CourtListener.

No entanto, o que mais chama atenção em um dos documentos é que os criminosos criaram contas em corretoras de criptomoedas logo após concluírem um roubo.

“Aproximadamente 90 minutos após a invasão à casa, às 11:42 da manhã, uma conta na Coinbase no nome de Elmer Castro foi aberta”, aponta o Departamento de Justiça, notando que o criminoso realizou até verificação de identidade (KYC).

“Cerca de 8 horas após a invasão à casa, às 5:04 da tarde, uma conta no nome de Remy Ra St Felix foi aberta na Coinbase”, continua o documento, também notando a realização de verificação de identidade pelo líder da quadrilha.

No mesmo dia deste roubo, os criminosos usaram corretoras descentralizadas para converter Monero (XMR) em Ether (ETH) e então em USDCoin (USDC), que foram enviadas para uma conta na Coinbase no nome de Castro.

“Todas USDC na conta de Castro foram vendidas e o saque foi realizado para uma conta bancária no nome de Elmer Castro”, concluiu o processo sobre uma das tantas movimentações.

Polícia finalmente prende os suspeitos

Segundo as informações prestadas pelas autoridades, o líder do grupo foi preso em um estacionamento do McDonald’s portando uma AK-47 ainda em 2023. Na última terça-feira (25), Remy St Felix foi condenado por nove acusações, incluindo sequestro.

Sua sentença está marcada para o dia 11 de setembro de 2024. A pena mínima é de 7 anos de prisão, mas ele pode pegar perpétua.

“Os crimes cometidos por este grupo de ladrões violentos de criptomoedas são chocantes.”

“Eles mantiveram as vítimas reféns em suas próprias casas e roubaram centenas de milhares de dólares de suas contas de criptomoedas”, disse Robert M. DeWitt, agente do FBI. “Esta investigação é um excelente exemplo do que um escritório local do FBI pode alcançar.”

O caso mostra quão necessária é a privacidade do investidor. Isso porque criptomoedas não possuem nenhum limite diário de movimentação, incluindo saldos em corretoras, sendo um grande alvo para criminosos.

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