Reservas de Bitcoin nas exchanges caem para nível mais baixo em anos

As reservas de Bitcoin nas exchanges despencaram para aproximadamente 2,8 milhões de moedas — seu nível mais baixo em anos. 

A redução acentuada ocorre em meio a um aumento sustentado no preço do Bitcoin no início da semana, quando testou a casa dos US$ 70 mil, de acordo com dados da plataforma de análise on-chain CryptoQuant.

Nesta quinta-feira (1º), o Bitcoin está sendo negociado a US$ 64.635, 12% abaixo de seu recorde de preço, conforme dados do CoinGecko.

Embora o preço do Bitcoin tenha experimentado um crescimento substancial ao longo de 2023 e 2024, a quantidade de Bitcoin mantida nas exchanges diminuiu constantemente, atingindo níveis não vistos desde 2018. 

A tendência de diminuição das reservas de Bitcoin nas exchanges começou no início de 2022 e acelerou notavelmente no ano passado. 

No entanto, o gráfico mostra uma ligeira reversão nessa tendência no último mês, com um pequeno aumento nas reservas que potencialmente indica uma mudança de curto prazo no comportamento do investidor ou aumento da atividade de negociação.

O aumento se correlaciona com a recente incerteza sobre os movimentos do Bitcoin, dizem os analistas, incluindo os tão esperados ressarcimentos de Bitcoin do Mt. Gox, bem como as vendas por governos, como as criptomoedas apreendidas por agências do governo dos EUA.

Esses casos de alto perfil têm o potencial de introduzir quantidades substanciais de bitcoins anteriormente inativas de volta à circulação.

Reservas de Bitcoin

A divergência entre o aumento dos preços e a queda das reservas nas exchanges chamou a atenção de analistas de mercado e investidores. 

Analistas da Bitfinex disseram ao Decrypt que as reservas de câmbio tendem a se correlacionar com a quantidade de ativos que os participantes escolhem armazenar em uma exchange — e podem potencialmente vender ou negociar. Por outro lado, ativos armazenados fora de uma corretora tendem a ser mantidos por investidores para fins de investimento ou como reserva de valor.

“Olhando para o gráfico, podemos ver que as reservas de Bitcoin estão diminuindo constantemente”, escreveram os analistas. “Isso pode significar que os traders acreditam que um fundo está à vista e estão procurando armazenar suas moedas offline para mantê-las a longo prazo”. 

Em termos gerais, a quantidade de criptoativos armazenados em exchanges tem uma relação inversa com o preço. Segundo Adam Berker, consultor jurídico sênior da plataforma global de infraestrutura de pagamentos Mercuryo, quando um sobe o outro provavelmente está caindo — e vice-versa.

“Normalmente, um aumento na quantidade de cripto indica que as pessoas estão se preparando para vender, e é por isso que elas depositam seus bitcoins nas exchanges”, disse Berker.

“Por outro lado, quando a quantidade de cripto nas exchanges diminui, isso sugere que as pessoas estão menos inclinadas a vender. Em vez disso, elas transferem seus BTCs para carteiras frias e carteiras de custódia e as mantêm em armazenamento de longo prazo”, acrescentou.

Observando uma nuance adicional, os analistas da Bitfinex afirmam: “Também podemos ver que as reservas das exchanges, mesmo para exchanges de derivativos, [estão] geralmente diminuindo, com um ligeiro aumento atribuído à volatilidade recente observada”. 

A situação atual contrasta fortemente com a do final de 2022, quando as reservas tiveram um pico acentuado coincidindo com uma grande queda de preços. Desde então, a relação entre preço e reservas se inverteu, com as reservas diminuindo conforme os preços sobem. 

Shimon Lazarov, diretor de marketing da Unchained e especialista em gestão de patrimônio e custódia da entidade, disse que essa tendência geral reflete não apenas a forte confiança dos investidores no potencial de preço futuro do Bitcoin, mas também uma conscientização crescente dos riscos sempre presentes associados aos custodiantes centralizados. 

“À medida que o valor do Bitcoin continua aumentando, esperamos que cada vez mais investidores priorizem a segurança e o controle de seus ativos em detrimento da conveniência, recorrendo a soluções de custódia mais descentralizadas em um esforço para garantir a segurança e a integridade de seus investimentos a longo prazo”, disse Lazarov.