Rússia quer escapar de sanções ao legalizar criptomoedas para transações internacionais
Nova legislação também aborda a indústria de mineração da Rússia, que, segundo o Ministério das Finanças, é a terceira maior do mundo.
A Rússia legalizará as criptomoedas para liquidações internacionais se um novo projeto de lei for aprovado pelos legisladores ainda nesta terça-feira (30).
A economia do país tem enfrentado dificuldades com transferências internacionais desde o início da guerra na Ucrânia em janeiro de 2022.
Sanções impostas por instituições financeiras ocidentais podem dificultar a conclusão de transações para empresas russas — mesmo com parceiros comerciais como China, Índia ou Turquia.
Anatoly Aksakov, chefe do comitê de mercado financeiro da Duma, disse à Bloomberg que, de acordo com o novo projeto de lei, as criptomoedas estarão sujeitas ao mesmo conjunto de regulamentações que as moedas estrangeiras — como o dólar americano — na Rússia.
O novo projeto de lei entrará em vigor a partir de 1º de setembro, se for aprovado pelo presidente Vladimir Putin e pelos senadores na Duma Estatal.
A Rússia tem adotado uma postura inconsistente em relação às criptomoedas para liquidações internacionais desde o início da guerra.
O país impôs uma proibição geral às criptomoedas para pagamentos no início da guerra, mas depois permitiu que empresas de serviços financeiros testassem criptomoedas para alguns casos de uso.
Muitos países fortemente sancionados, incluindo a Venezuela, já utilizam criptomoedas para suas liquidações internacionais.
O analista de criptomoedas russo Ani Aslanyan disse à Bloomberg que espera que a participação em criptomoedas permaneça limitada a empresas de grande e médio porte, devido à dificuldade de cumprir as condições da nova legislação.
Muitas empresas já foram multadas por ajudar bancos russos a usar criptomoedas.
A Lituânia multou a empresa de criptomoedas Payeer em 9,3 milhões de euros por violações de sanções relacionadas à Rússia no mês passado, por permitir que clientes russos transferissem dinheiro para bancos russos sancionados pela UE.
Aslanyan disse à Bloomberg que espera que países como os EUA aumentem a fiscalização sobre a atividade cripto russa à luz do novo projeto de lei, se for aprovado.
Os legisladores russos têm sido públicos sobre a necessidade de soluções criativas para os problemas de pagamentos da Rússia. Elvira Nabiullina, governadora do banco central russo, disse recentemente à imprensa que espera que sistemas de pagamento internacionais que não envolvam instituições ocidentais acabem surgindo em resposta às sanções.
Os legisladores também estão prestes a votar um novo projeto de lei que regulamenta a mineração de criptomoedas.
A Rússia, que tem energia barata e clima frio ideal para a mineração em muitas áreas como a Sibéria, tem sido historicamente uma das principais nações mineradoras de criptomoedas do mundo. Em 2024, ficou em terceiro lugar no mundo na produção de Bitcoin, de acordo com dados fornecidos pelo Ministério das Finanças russo ao veículo de notícias alemão bne Intellinews.
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No entanto, Putin já alertou anteriormente que a mineração de criptomoedas poderia causar escassez de eletricidade se não for devidamente regulamentada.
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